A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu a investigação sobre o acidente aéreo que matou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas, em novembro de 2021, e atribuiu a responsabilidade aos pilotos da aeronave. De acordo com os investigadores, o piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior tinha mais de 30 anos de experiência, mas não conhecia a região de Caratinga.
“Os manuais de procedimentos operacionais padrões da aeronave previam que o piloto deveria fazer o levantamento da existência de possíveis obstáculos nas proximidades. Caso os pilotos não tivessem tido a oportunidade de fazer esse levantamento, o manual previa um voo em passagem baixa para fazer esse levantamento no momento da aproximação”, afirmaram os investigadores, nesta quarta-feira.
No dia 5 de novembro de 2021, a aeronave de matrícula PT-ONJ caiu no município de Piedade de Caratinga após colidir com um cabo da Companhia de Energia de Minas Gerais (Cemig), conforme revelado pelo GLOBO. Todas as cinco pessoas dentro do bimotor morreram. Além de Marília, o avião levava o produtor Henrique Bahia, o assessor Abicieli Silveira e os pilotos Geraldo Martins de Medeiros e Tarciso Pessoa Viana.
O cabo da Cemig estava fora da área em que as normas obrigam a sinalização. A polícia concluiu que houve “homicídio culposo triplamente qualificado” por parte do piloto e do copiloto, mas representou pelo arquivamento do caso, já que Geraldo Martins de Medeiros e Tarciso Pessoa Viana também morreram na queda. Com o falecimento, houve a extinção da punibilidade.
Em entrevista coletiva, o delegado de Caratinga, Ivan Lopes, afirmou que as investigações descartaram a ocorrência de falha mecânica, mal súbito dos pilotos ou outra causa que pudesse ter contribuído para o acidente. Lopes destacou que a apuração constatou que os pilotos agiram de forma negligente e imprudente. Eles não fizeram contato com outros profissionais antes de pousarem no aeródromo de Caratinga, que desconheciam, prática considerada de praxe na aviação.
Ainda de acordo com os investigadores, como tinha experiência em voos mais longos, o piloto pode ter “alongado” a viagem pensando na “comodidade dos passageiros”, sem conhecimento do aeródromo.
O relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) afirmou, em maio, que o avião saiu do Aeródromo Santa Genoveva, em Goiânia, com destino ao Aeródromo de Caratinga (MG), às 16h02, com dois pilotos e três passageiros a bordo. Na fase de aproximação, a aeronave colidiu contra uma linha de distribuição de energia, tendo danos substanciais. Todas as pessoas a bordo sofreram lesões fatais.
O documento apontou uma “uma avaliação inadequada” pelo piloto no momento da aproximação para pouso, “uma vez que a perna do vento foi alongada em uma distância significativamente maior do que aquela esperada para uma aeronave de ‘Categoria de Performance B'”.
O avião, um modelo C90A, da Beech Aircraft era fabricado em 1984 e registrado para operação de táxi aéreo.
O Globo